Filho de dono de fábrica que explodiu no interior da Bahia há 25 anos é preso por produção ilegal de fogos
15/05/2025
(Foto: Reprodução) Ariosvaldo é filho do dono da fábrica "Vardo dos Fogos", palco do maior acidente de trabalho da história da Bahia, ocorrido em 1998, em que 64 pessoas morreram. Fábrica foi interditada na zona rural de Santo Antônio de Jesus
Reprodução/ MPT-BA
Um dos filhos do dono de uma fábrica de fogos de artifício que explodiu há 25 anos, em Santo Antônio de Jesus, e que matou 64 pessoas, foi preso na manhã de quarta-feira (13), por suspeita de comandar uma produção clandestina de fogos de artifício no mesmo município, no recôncavo baiano. Além da prisão de Ariosvaldo Prazeres, a fábrica de fogos de artifício também foi interditada.
Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), os artefatos estavam sendo produzidos à base de pólvora, sem autorização do Exército Brasileiro, em uma fazenda na zona rural de Santo Antônio de Jesus.
O MPT recebeu denúncias de locais onde estariam sendo estocadas matérias-primas utilizadas na produção ilegal, além de pontos onde estão sendo fabricados os artefatos.
Ainda segundo o órgão, no total, três locais estavam sendo utilizados para a fabricação de fogos e armazenamento: dois na zona rural e um na sede do município. Um desses imóveis, uma casa adaptada, servia de fábrica e descumpria as medidas de saúde e segurança do trabalho para atividades que envolvem materiais explosivos.
A fiscalização contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Polícia Civil, do Departamento de Polícia Técnica, do Exército e da Superintendência Regional do Trabalho (SRT-BA), órgão do Ministério do Trabalho e Emprego.
O material apreendido será destruído em uma pedreira na região. Conforme a Polícia Civil, Ariosvaldo Prazeres foi encaminhado à Delegacia Territorial de Santo Antônio de Jesus e segue à disposição da Justiça.
Fábrica clandestina funcionava na zona rural de Santo Antônio de Jesus
Reprodução/ MPT-BA
Produção clandestina continuou desde acidente em 1998
Desde que a explosão ocorreu em 1998, a produção de fogos de artifício pela família de Ariosvaldo passou a ser feita pelos filhos do proprietário, dentro de casas e na zona rural, o que dificultava a fiscalização.
Além da prisão dele na quarta-feira, a fiscalização do MPT, identificou que o material apreendido estava sendo embalado com um CNPJ criado por uma das irmãs de Ariosvaldo Prazeres e Gilson Prazeres, que virou alvo no ano passado de uma liminar que o proíbe de produzir, distribuir e vender ilegalmente os produtos.
A irmã teria dado nome a uma nova empresa criada para tentar burlar a fiscalização, apontou o MPT.
A família criou um sistema para dificultar a fiscalização e esconder a operação para manter a produção e venda ilegal de fogos. Em agosto de 2024, uma liminar foi concedida pela juíza Adriana Manta, da 24ª Vara do Trabalho de Salvador, que estabelecia multa de R$200 mil por cada item da sentença que fosse descumprido.
Maior acidente de trabalho da história da Bahia
Ariosvaldo e Gilson são filhos do dono da fábrica "Vardo dos Fogos", palco do maior acidente de trabalho da história da Bahia, ocorrido em 1998, quando 64 pessoas foram mortas. Mulheres e crianças foram as maiores vítimas da explosão na indústria. De acordo com as investigações da época, no momento da explosão, havia 1,5 tonelada de pólvora no local.
A explosão ocorreu pouco depois das 11h do dia 11 de dezembro de 1998. Os homens ficavam em um local fabricando as bombas, enquanto as mulheres ficavam em uma área mais acima, amarrando os traques de pólvora. Foram as mulheres e as crianças as maiores vítimas da explosão.
Em 2020, o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos pela morte das 64 pessoas, a maioria mulheres e crianças negras, na explosão da fábrica “Vardo dos Fogos”.
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